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Futebol é jogado. É coisa e caso de família

Atualizado: 14 de out. de 2023

Autor: Bruno Teixeira


Compartilhamos uma história de família que foi resgatada por Bruno Teixeira. Nela Oswaldo Teixeira se aventura com o esporte que é paixão nacional. Segue abaixo essa deliciosa e afetuosa lembrança escrita por Jose Antônio Leão Ramos.



Oswaldo Teixeira foi um excelente pintor e uma grande pessoa. Também era o presidente do JK Futebol Club, nos anos cinquenta.


Para montar o time da Paulino Fernandes ele entrou com a bola e o jogo de camisas. Daí fomos jogar a primeira partida. Na Urca, contra o juvenil do Guaíba. Lá era fogo, ou se perdia ou tinha que se enfrentar a fúria da turma do bairro, uma das piores da cidade. Jogo duro, fizemos um gol de sorte e tivemos que recuar.


No segundo tempo, pressão total do Guaíba. Quase todo o time na defesa, a bola deles não entrava. Aí, começaram as ameaças, “vão entrar na porrada”, vamos quebrar tua cara, goleiro”, e daí pra pior. Faltavam uns dez minutos, a coisa estava fuçando feia demais, eles conseguiram empatar o jogo. Mas eles queriam era ganhar o jogo é continuavam as ameaças, diziam as más línguas que o seu Osvaldo estava torcendo para o JK perder, houve quem jurasse que quando o goleiro defendeu um chute no canto, ele botou as mãos na cabeça. Afinal, ele era o único adulto do nosso time presente no jogo…


Por sorte, Mario Vianna, com dois Enes, como ele fazia questão de ser chamado, ex-árbitro de futebol e primeiro comentarista de arbitragem, ex-polícia Especial (a polícia do então DF, ex-integrante da segurança de Getúlio Vargas, ficou com pena da gente - e também da difícil situação do seu Osvaldo - e conseguiu que deixassem que nós saíssemos, mas tinha que ser logo, rápido, não dava para esperar um daqueles ônibus da linha Estrada de Ferro - Urca, a única linha que existia la na época. Então, tinhamos que ir a pé, até a Praia Vermelha para pegar o bonde 4, o Praia Vermelha, que voltava para a cidade e podia nos deixar no Ponto da rua da Passagem, quase esquina da General Polidoro. Para quem tinha jogado uma partida dura e sob uma grande tensão, a caminhada era pesada, inclusive para seu Osvaldo.


Quando chegamos num ponto do bonde, entre o Iate Clube e a Praia Vermelha, seu Osvaldo foi ver quanto tinha sobrado do dinheiro - ele tinha comprado picolés da Kibon para todos os jogadores e uns poucos garotos que foram torcer - e chegou à conclusão que só tinha poucos cruzeiros (a moeda da época) no bolso, suficientes apenas para pagar as passagens dele, Luciano e Claudio (Sandro estava doente e não foi jogar, e os dois só foram torcer, não jogavam).


Muito sem jeito, ele tomou a decisão, ninguém iria de bonde, iríamos todos a pé…E foi assim, fomos todos a pé, da Praia Vermelha até a Paulino Fernandes, seu Osvaldo à frente conduzindo o seu pequeno exército Brancaleone, invicto em sua primeira partida. Inesquecível, grande figura de pai e de protetor dos amigos de seus filhos.


O JK jogou apenas algumas partidas, as aulas chegaram, e o time que tinha a ambição de jogar no campeonato de praia. Porém ficou só no desejo da turma, pois não tínhamos jogadores suficientes de boa qualidade, nem a organização necessária para ser os um time oficial, como se dizia na época.


O JK terminou jogando apenas peladas de rua contra times da vizinhança, e mais tarde de dois torneios do Aterro do Flamengo. Que eu me lembre, o Sandro foi o único que jogou na praia, no campeonato oficial, pelo Botafogo - e talvez pelo Dumas, o time da Prado Júnior. Eu e Rogério jogamos futebol de salão no Flamengo (Infanto e Juvenil), o Janir jogou no Carioca, e o Valtinho parece que chegou a jogar futebol de campo no Torres Homem (clube que ocupava o campo que existia no lugar onde fizeram depois o Canecão).


O JK só revelou poucos jogadores e pelo que eu sei, o melhor de todos pelos resultados, foi o Sandro, seu pai. E não posso me esquecer do nosso eterno presidente do JK, o seu Oswaldo, mais conhecido como Oswaldo Teixeira, o renomado pintor e diretor do Museu Nacional de Belas Artes.




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